segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Desenvolvimento para os ricos! Miséria para os pobres! O velho Maranhão Novo, de novo!


Muito se anunciou e muito tem sido anunciado, pelos governos sucessivos (dentro da falsa polarização política aqui instalada) e seus canais midiáticos que o Maranhão é berço de um desenvolvimento pleno, oásis situado entre o sertão e a floresta Amazônica, pólo atrativo de investimentos públicos e privados que alavancam o PIB da nação.

O Maranhão Novo, iniciado por José Sarney, na década de 1960, realizado através de um plano de transferência da propriedade pública da terra de forma violenta para grandes empresas, desalojando milhões de famílias de lavradores criou condições formais para a chegada da Vale do Rio Doce , da Alumar e do Centro de Lançamento de Alcântara, na década de 1980, no Governo Castelo, para o fomento ao agronegócio, através de isenções fiscais, financiamentos bancários, construção de infra-estrutura ( estradas, ferrovias, portos) nos governos de Cafeteira, Lobão, Roseana Sarney, José Reinaldo, Jackson Lago e novamente Roseana Sarney, possibilitou para alguns poucos rios de dinheiro( investidores de bolsa/especuladores, políticos, grileiros, grandes empresas, etc) e para a maioria dos maranhenses, a morte.

O estado onde se localiza o terceiro porto nacional em escoamento de commodities ( o Porto do Itaqui e seu gigantesco complexo) é o maior exportador nacional de escravos da nação. O estado que é sede um centro de lançamento de foguetes é também o segundo da nação em assassinatos de trabalhadores rurais e em despejos forçados. O estado que tem o segundo maior rebanho bovino do nordeste e uma dos maiores produtores de soja do país é epicentro dos maiores números de conflitos agrários no Brasil inteiro. Onde passa o maior trem de transporte de cargas do mundo, mora a tribo mais ameaçada do mundo, os Awá-Guajas, povos nômades, coletores de frutos da floresta.

A persistência deste modelo de desenvolvimento fatalmente levará o Estado do Maranhão a um processo de esgotamento de todo o tecido social. Em 1996, a composição da população rural alcançava 60 % da população. Em poucos mais de uma década, em razão de um violento processo de espoliação das terras e dos braços, a população rural hoje alcança pouco mais de 30% da população. Para além dos números, foram desterradas populações inteiras, que deixaram seu modo tradicional de viver e adentraram, sem opção, nas teias da ''cidade grande'. Em trinta anos São Luís duplicou sua população e o inchaço desta capital pode ser observada na falência do transporte público, na falta de esgotamento sanitário e na escassez permanente de água nas torneiras, principalmente nos bairros periféricos.

Em pouco mais de 20 anos, a produção de farinha, alimento essencial para o maranhense, diminuiu em mais de 25%, ao lado da lavoura de milho, feijão e fava. Por outro lado, a produção de soja, de ferro gusa, de florestas artificiais de eucalipto triplicaram suas extensões e avançaram exatamente sobre as áreas de plantio tradicional de milhões de camponeses. A fome de farinha se espalhou como as episódicas e lamentáveis ondas de meningite, doença de chagas e beribéri que avassalam e destroem a vida dos pobres da terra.

Por oportuno, vale dizer que sob a égide dos governos de Lula e Dilma ( que são apoiados, irrestritamente por sarneyzistas e dinistas), investimentos em políticas de reforma agrária ( desapropriação, titulação de territórios quilombolas, créditos para a agricultura familiar) foram vergonhosamente diminuídos e, por outro lado, bilhões de reais foram lançados para os grande produtores rurais, por meio de créditos, isenções e infra-estrutura.

No mesmo barco, os grupos que falsamente polarizam uma disputa política estadual ( Sarney x Dino) dormem abraçados todas as noites, depois das intensas brigas matutinamente estampadas em jornais e blogs estaduais. Ambos os grupos defendem este modelo de desenvolvimento. Inclusive, os '' oposicionistas '' Simplício Araújo (SDD) e Weverton Rocha (PDT), ao lado de Alberto Filho (PMDB) votaram pela instalação da CPI que visa a criminalização de quilombolas e índios. Da mesma forma, proeminentes proprietários rurais, envolvidos em centenas de conflitos de terras fazem parte dos dois grupos (Dedé Macedo, Raimundo Cutrim e Zé Vieira pela cota dinista e Cesar Pires, Camilo Figueireido e Alberto Franco pela cota sarneyzista). Os financiamentos eleitorais são boa prova desta falsa polarização, afinal, afinal as grande empresas nacionais e transnacionais ( muitas envolvidas em milhares de conflitos agrários, destruição de biomas e espionagem de movimentos sociais) não acendem duas velas e, por conseguinte, financiaram e provavelmente financiarão as hordas dinistas e sarneyzistas. Quem paga, manda!

Assim, dentro desta lógica(?) produtiva violenta, os ricos( palacianos, grileiros, edis, togados e outros aspirantes) assistem de camarote, regado a um velho whisky e jabá, o empobrecimento brutal da população maranhense e ao mesmo tempo, a concentração de riqueza( e poder) entre suas mãos. O mesmo Maranhão Novo do velho oligarca JoséSarney!

Terra presa, homens e mulheres aprisionados ( nas fazendas escravistas e nos complexos penitenciários). Os movimentos sociais da cidade e do campo, os homens de paz e de bem, os que sonham não podem permitir que este projeto de morte se perpetue. Os gritos da sereia encantam, mas no final, aquele que escuta e vai se afoga.

Temos a tarefa de redimir esta humanidade e lutar contra os falsos profetas, unindo campo e cidade como se fossem um só. Já chega de tanto sofrer!





















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